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Homem que incentivou invasão de fazenda assinou convênios com Incra
Associação da qual ele é diretor recebeu R$ 232 mil do governo federal. Invasão da fazenda da Cutrale aconteceu em outubro de 2009.
O homem que incentivou a invasão da fazenda da Cutrale, uma das maiores fabricantes de suco de laranja do Brasil, assinou convênios com o Incra em nome de uma associação. O valor repassado chegou a R$ 232 mil.

Essa associação acabou sendo considerada inadimplente pelo próprio Incra. E os supostos beneficiados pelo convênio não receberam benefício algum. A Associação Regional de Cooperativa Agrícola da Reforma Agrária tem como endereço um assentamento na cidade de Iaras, interior de São Paulo.

Um dos diretores da associação é o homem que o Jornal Nacional mostrou nesta quarta-feira (27) passando orientações sobre como deveria ser a invasão da fazenda da empresa, em outubro passado.

"No ano passado, nós fizemos uma outra ocupação, que vocês lembram, né? Quem estava aqui, lembra. Outros que não estavam também são importantes, né? Fizemos esta aqui é a quarta ocupação. E agora nós viemos aqui para pelo menos dar prejuízo para eles", afirmou.

O prejuízo ultrapassou R$ 1,3 milhão. Dois anos antes da invasão, o diretor, em nome da associação, assinou convênios com o Incra para receber verbas do governo federal. É o que mostram os documentos divulgados pela Organização Não-Governamental Contas Abertas.

O convênio de R$ 180 mil foi assinado em outubro de 2007. O dinheiro foi repassado, mas o Incra não aprovou a prestação de contas por falta de documentação complementar. E considerou a associação inadimplente.

O segundo convênio, no valor de R$ 42 mil também foi assinado pelo diretor menos de um mês depois - e teria como objetivo capacitar trabalhadores rurais de um assentamento em Iaras. Desta vez, o Incra aprovou a prestação de contas.

No assentamento, cada lote tem seis alqueires. A maioria dos assentados vive de forma precária. Não há plantação ao redor das casas. No solo, ainda estão os tocos que sobraram do corte das árvores - o que impede a plantação.

Um homem que está há dois anos no assentamento diz que não vive da terra e, sim, com o dinheiro da aposentadoria. Segundo ele, a capacitação prometida não chegou. E ele não é o único a reclamar.

Segundo a ONG, essas informações foram retiradas do Sistema Integrado de Acompanhamento Financeiro (Siafi), da Secretaria do Tesouro Nacional. a ONG vai encaminhar denúncia sobre esse caso para o Tribunal de Contas da União.

O diretor da associação está preso, suspeito de comandar invasões de terra e de interceptar produtos levados da fazenda da Cutrale. O advogado dele, Bruno Almeida, disse que não tem conhecimento sobre esses convênios e que vai procurar o cliente para ver se ele quer se manifestar.

Notícia Postada em 29/01/2010

 
 
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